Por: Gutemberg Rocha em 07/2017 - Visitas: 2069
Navio Oxidado (de Gutenberg Rocha)
Navio Oxidado Velho navio encalhado no mar
Em estado de inatividade,
A mesma maré em que flutuavas
Agora te observa consumido
Pela maresia e pelo tempo.
Já não tens mais a beleza da juventude,
A bússola que te norteava,
Nem as velas ao vento arremessando
Rumo aos teus rumos.
Quantas histórias e amores
Em teu aposentos?
Quantas lembranças, confidências e dores
Rebentadas as ondas em tua prancha?
Quantos reis e rainhas te reinaram?
Quantas danças em teus salões?
Quantos escravos e reus remaram em teus porões?
Quantos poetas foram a tua proa
Apreciar a noite, as estrelas e a Lua?
Quantos réis carregastes em ouro
Ou em mercadorias em contêineres
Para mercados nos continentes?
Quantas lutas travadas contra piratas saqueadores?
Quantas dores até ser oxidado
Pelo mesmo oxigênio que respiro
E me oxida?
Oh, navio, tu que já foste vida
E agora é só morte,
Ao menos tens mais sorte
Neste túmulo pedaço de mar
Aos olhos. Aos meus, terra.
Gutenberg Rocha