Por: Nonato Fontes em 05/2014 - Visitas: 2188
Amarguras

O verso subiu a ribeira e entrou em minha janela,
Não busco flores com isso, apenas recorto pureza,
Na busca imensa da glória, triunfo da velhice,
Cansei de navegar remotamente, abrir a clareira do riso,
Fecharei minha porta um instante, não batam, estou em repouso.
Cantos de vitória soaram no horizonte, risos íntimos agonizados,
Busquei ser fiel a todo instante, porém a vida pede passagem.
Rasguei as virgens sombras da aurora, agarrei-me na sutil inutilidade,
Cantei até alguém dá ouvidos, doce e clara futilidade, sagaz inquietude,
Rodeio o invisível dessa selva cheia de feras, de pedras infames.
Modesto seria eu continuar, caminhar nas curvas do destino,
Silencioso e astuto, para não ferir meu inimigo, ou amigo,
Mas a mente reluz a piedade, isso fere minha viril vontade,
Mente e corpo a discutir sem chegar a lugar algum,
Findarei meu cansar e penoso grito, silêncio e agonia em meu espírito.
Preciso de ar puro, para purificar minha alma, ser livre e feliz,
Viver cada dia, sem dias contados para cumprir,
Ouvir o canto dos pássaros, sobrevoando minha varanda,
Com a cantiga de ninar homem feito, cheio de esperança,
Chamarei o vento para companhia, somente isso e nada mais.