Por: Vilebaldo Rocha em 05/2014 - Visitas: 8507
O Menino e a Borboleta
Conta uma lenda que certa vez um menino encontrou uma lagarta encantada. Assim as crianças denominam o casulo em que a lagarta fica até transformar-se em borboleta. O casulo estava prestes a rebentar, uma linda borboleta de asas coloridas principiava a sair. A jovem borboleta debatia-se para romper o casulo e quem visse tal cena, jamais acreditaria que ela conseguisse tal feito. O menino cheio de boas intenções, rompeu com as próprias mãos a casca que aprisionava a borboleta e impedia que ela voasse livre e enfeitasse o mundo com sua beleza multicor.
Mas para sua surpresa a borboleta estatelou-se no chão, não conseguiu voar, o esforço fora em vão, na ânsia de ajudar ele evitou que ela fortalecesse suas asas e pudesse voar livre sobre a terra e sobre os homens. O menino ao perceber o mal que fizera, apanhou a linda borboleta pela mão e jogou-a para o alto, na esperança que ela cumprisse o seu destino de voar e colorir os olhos e a vida de todos. Mas qual-o-quê, ela espatifou-se no chão novamente, estava fadada ao inferno, arrastar-se pelo chão o resto da vida (creio ser por isso que dizem que o inferno está cheio de boas intenções). O menino tomado de pena pegou-a mais uma vez com suas mãos trêmulas e repetiu o mesmo gesto por diversas vezes... Sempre o mesmo fracasso. Então ele levou-a a um alto despenhadeiro e de lá saltaram juntos para que ela conhecesse a sensação de voar: os dois planaram no ar e por um momento sentiram o gosto da liberdade, ser livre, ver o mundo do alto, o vento batendo no peito, o céu... Os dois esborracharam-se no chão. Ele num último esforço olhou para ela e sorriu como se pedisse perdão. A alma dela bateu as asas e voou para o céu das borboletas; a dele voou para o céu dos homens. O nome dele era Ícaro, o dela Liberdade. Os jornais noticiaram que um jovem drogado saltara de um despenhadeiro. A liberdade às vezes nos parece uma alucinação.