Por: João Moura em 05/2014 - Visitas: 2389
A Dama do lupamar
Enganar-se que se ama
entrelaçar riso e pelos
horas astúcias da chama
atriz que encena modelos...
Beber taças de verdade
que onírica sede não mata,
à essência da saudade
sangra a vida que desata.
Vários nomes, um só rosto,
Clio deste Apolo triste
forjar-se anjo ao sol posto
do gozo que nem pediste!
Como o destino que abusa
ao pedinte ronda leve
língua, unhas, carne usa
não o amor, que não deve!
Lacônica em tragos dissipa
aderência das colmeias
e resoluta antecipa
o esmoler das plateias...
Serem tantas, quem vos sois?
Caístes aos blindes da noite
por si pensa mais que dois
em qualquer lugar pernoite.
Seja tal amor frugal
ou ilusão por osmose
um coração marginal
ser cordeiro em cada dose!
Arrepia a cada dedo
depois se refaz se veste,
gesticula o pobre enredo
nem que por dentro deteste.
Quando se tornar decano
o corpo já decaído
verás que o pior engano
decerto foi ter nascido.