Por: Nonato Fontes em 05/2014 - Visitas: 6457
(numa sala, uma família conversando sobre política)
Joaquim: Conceição, o patrão chegou com uma conversa estranha, hoje.
Conceição: O que ele disse?
Joaquim: Falando sobre as eleições...
Conceição: vixe! Já sei...
Joaquim: Quer que a gente vote num tal de Cipriano, que é compadre dele...
Conceição: E o que ele vai dar em troca?
Joaquim: Hum! Só falou que era um homem sério e que merecia o voto nosso...
Conceição: Merece... É como qualquer outro político, nem um presta.
Joaquim: Acho que ele vai obrigar-nos a votar no compadre dele.
Juvenal: (entrando na conversa) Ora, pai, o senhor não precisa votar nele só porque o patrão quer.
Joaquim: Juvenal, meu filho, você ainda é muito novo pra compreender... O que o patrão manda, nós temos que obedecer.
Conceição: É a lei do mais forte, Juvenal. Seu pai precisa dele e assim tem que ser.
Juvenal: Pai, já tenho idade o suficiente para compreender tudo isso. E sei que nada obriga o cidadão a fazer o que ele não quer.
Joaquim: Mas o meu emprego é quem sustenta a nossa família e isso é ele quem dá...
Juvenal: Não, pai. Quem dá o nosso sustento é a capacidade do senhor. É a força e a inteligência que o senhor tem.
Conceição: Mas filho, pra que força e inteligência se não tiver o emprego?
Juvenal: Aí é onde a senhora se engana. A mesma precisão que o operário tem do patrão o patrão tem do operário.
Joaquim: Como assim, Juvenal?
Juvenal: Veja pai. Quem produz o que é vendido nas lojas do patrão?
Joaquim: Nós, os operários...
Juvenal: Então me diga o que seria do patrão se não fosse os operários?
Joaquim: Você tem razão. Mas me responda, não é melhor a gente entrar em acordo com ele? Afinal de contas é só um voto.
Conceição: E mesmo tanto faz ele como outro dá no mesmo.
Juvenal: Aí é onde mora o problema...
Joaquim: Que problema?
Juvenal: Pai, o voto é a coisa mais preciosa que o cidadão tem. É com o voto que podemos mudar o modo de vida de uma cidade, de um estado ou de uma nação.
Conceição: Mas veja só, um frangote desse querendo ensinar a gente.
Juvenal: Não quero ensinar, apenas estou alertando para o bem. O que a gente ver, nos dias de hoje, são pessoas completamente descompromissadas com a política. Gente que pensa que política é coisa de ladrão...
Joaquim: E não é?
Conceição: Político é tudo igual, nenhum presta.
Juvenal: Vocês estão generalizando, e isso é mal em qualquer circunstância. Toda classe tem os bons e os maus, na política também. É por isso que temos que nos preocupar com a política. Temos que virar o cidadão político, compromissado com o nosso dever de eleitor.
Joaquim: Cidadão político?
Juvenal: Sim, pai. Aquele que mesmo não sendo candidato está sempre a par do que acontece na política. Fiscalizando seu candidato, participando de tudo que acontece em seu município.
Conceição: E você, pretende fazer tudo isso sem receber nada em troca?
Juvenal: Mas o cidadão político, mãe, se preocupa é com o geral, não somente com ele mesmo.
Joaquim: Sabe, filho, eu já estou começando a entender. Temos que estar atentos a tudo. Fiscalizar os gastos públicos. Como eles aplicam o nosso dinheiro... Certo?
Juvenal: Isso, pai. O orçamento público é destinado à construção de obras de interesse da comunidade. Quando executadas é feita a prestação de contas e é bom sempre fiscalizar pra ver se está correto.
Conceição: Eu é que ainda não entendi nada.
Juvenal: Pois mãe, preste atenção. Quando o cidadão elege um candidato ele está autorizando uma pessoa a decidir sobre tudo isso. Sobre seu próprio futuro.
Joaquim: Como, por exemplo, o futuro da educação, da saúde, do emprego...
Juvenal: Muito bem, pai. Também das desigualdades sociais, as questões ambientais, a comida que chega a nossa mesa, tudo. Por isso que devemos estar atentos ao que acontece na política.
Conceição: E quando o cidadão político descobre que seu candidato não está fazendo a coisa certa, adianta alguma coisa?
Juvenal: Quando o seu candidato não correspondeu as suas expectativas, acabando o mandato dele, é só não elegê-lo mais.
Joaquim: Sabe, filho, depois dessa conversa vou querer saber quem é esse compadre do meu patrão. Vou descobrir se ele merece mesmo o meu voto.
Juvenal: Muito bem, meu pai. Agora vejo que tenho um cidadão político dentro de casa.
Conceição: Eu também quero ser uma cidadã política. Já passei até da idade que obriga a pessoa votar, mas mesmo assim eu quero votar de novo. E ai daquele que não fizer política direito.
Juvenal: Por isso que sou feliz com essa minha família.
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