Por: Nonato Fontes em 08/2015 - Visitas: 75078
A lenda da Rasga Mortalha
Em regiões como Nordeste e Norte do Brasil é comum cultuar lendas, crenças e superstições, levando muito a sério várias delas, inclusive tendo seus jeitos de se salvar do mal que essas possam lhes fazer.
Vamos falar a respeito da mais apavorante delas: A coruja agoureira Rasga Mortalha
A Rasga Mortalha é uma coruja chamada suindara (Tyto Alba), é a única representante da família tytonidae no Brasil. É fácil ser reconhecida pela sua coloração branca nas regiões frontal e ventral, têm seu disco facial em forma de coração. No Brasil ela pode ser encontrada em campos, matas próximas às cidades e até em torres de igreja, onde costumam fazer seus ninhos. Tem seu canto parecido com o som de um pano sendo rasgado, para os supersticiosos: É a mortalha (Pano que serve para colocar envolto a defuntos antes de serem enterrados), que está se rasgando.
Para os supersticiosos, caso a coruja passasse voando por sobre o telhado das casas e entoar o seu canto, é alguém daquela residência que está para morrer.
Como surgiu a lenda
Contam que surgiu da história de uma jovem chamada Suindara, um pouco gorda e de pele bem branca, filha de um feiticeiro da aldeia. Seu ofício era o de carpideira (Mulheres que eram contratadas para chorar em velórios), ficou conhecida no lugar como coruja branca, ao que tudo indica pelo fato de "Alba" do nome científico da coruja suindara, significar "branco".
Conta a lenda que suindara começou um namoro com o jovem Ricardo, filho da condessa Ruth, essa não aceitava o namoro do filho com a carpideira. Para que esse namoro não fosse adiante a condessa resolve traçar um plano para matar a moça em um local afastado. Contrata um de seus empregados para executar o serviço, culminando com o assassinato de Suindara. Onde a jovem foi sepultada, esculpiram uma coruja branca para homenageá-la.
O pai da moça ao descobrir quem teria mandado matar sua filha resolveu ir até o túmulo dela e fazer um feitiço deixando com que a alma de Suindara penetrasse na coruja ali postada e criasse vida própria, assim a coruja saiu voando e emitindo o seu canto tenebroso como se fosse um pano rasgando-se. Assim a coruja sobrevoou a aldeia durante a noite toda e, quando o dia amanheceu encontraram a condessa morta com a roupa que vestia toda rasgada.
Suindara passou a voar pelas noites na aldeia, sempre que alguém estava próximo de morrer ela rasgava o seu canto por sobre a casa do enfermo, deixando assim todos aterrorizados com o pássaro. Daí surgiu a lenda da Coruja Rasga Mortalha.