Por: João Moura em 05/2014 - Visitas: 2824
Aurora
![Aurora Aurora](categoria/poesias/4d1464e78dffcfdd723c102a6e5c8066.jpg)
Insistente Aurora leiga
a desbravar sua ira
sucumbindo estrelas, gira
nas híadas finge-se meiga
ao vento engranza bulções
prantos e nuvem sem lenço
os cílios do frio enxugam
no azul, relapso intenso!
Traz viandas aos famintos
gotas de choro da noite
mó de torrentes e pena
excídio a quem mal acoite
inupta lenda se aplique
no íntimo que aperreie
nalgum verso que tenteie
o dia ou a ilusão fique...
Corta do loiro a placenta
sem resquício em digitais
a despistar de quem tenta
rastrear seus laborais
macula o pudor das horas
refratando brisa ao vulgo
cheiro de relva aos novéis
da inocência que julgo!
Em tergo imenso de escuma
como barba de profetas
dissolvendo uma por uma
qual manuseio de atletas
beija o mar sensual dama
içando os pelos maduros
sendo o firmamento cama
e as brisas panos escuros...
Doura o raio seminu
de orvalho - pranto de nume
dos brumais não há tabu
além dos arcos em lume
desperta o eco das dores
adormecido no sono
e os meliantes amores
estonteiam-se sem dono.
Tálamos de vago perfume
que o senil pode não vê
se tragam imolando cume
num ritual de xirê
a vida ilusão que passa
como sonho que galopa
(a morte logo na copa)
com pouca aurora fracassa!