Por: João Moura em 05/2014 - Visitas: 3328
Decisão

Meu nome risquei da lista
E o rastro apaguei na areia
Troquei as lentes e a roupa
Falei o que deu na teia
Joguei sua fala fora,
Limpei-me no guardanapo,
Injuriei, fui-me embora
Bocejei no fim do papo
Levei a saudade muda
num saco de solidão
Fiz um charuto das folhas
Do caderno da ilusão
Temperei meu caldo morno
Para sanar minha fome
Desaprendi minha língua
Nem seu rabiscar seu nome
Dentre as pilhas da desordem
Minha carta de alforria
E a prosódia despedida
Do besta que me havia
Engasgado com palavras
De ofensa acometida
Vou resgatá-las pra fora
Da minha boca ferida
Matei a dente as lembranças
Para arremessá-las fora
E endossei de sol a boca
Que amargava até agora
Deixei as mágoas num quarto
Presas no esquecimento,
Flertei as horas que riem
Na cama do firmamento.