Por: Vilebaldo Rocha em 06/2015 - Visitas: 5045
Recebi do escritor Adrião Neto o folheto "A Incoerência Histórica do Hino do Piauí e as Verdades Estabelecidas".
É uma batalha pela exclusão da terceira estrofe do Hino do Piauí, estrofe esta na qual os dois bandeirantes são exaltados, algozes dos primeiros habitantes das terras do Piauí, Domingos Afonso Mafrense e Domingos Jorge Velho, sendo que este dizimou também o quilombo de Palmares - o sonho de liberdade da raça negra.
"Desbravando-te os campos distantes,
Na missão do trabalho e da paz,
A aventura de dois bandeirantes
A semente da pátria nos traz."
(Da Costa e Silva)
Que trabalho é esse? Que paz é essa? Construir glória com o sangue dos inocentes?! Lembro-me de um verso do poeta Ozildo Batista de Barros que diz o seguinte: "Se a paz é a morte de alguém, ninguém tem o direito de viver em paz".
A história é contada pelos vencedores. Por isso esses dois bandeirantes sempre figuraram como heróis nos livros de história. Há tempos que nosso passado vem sendo revisto, repensado, reescrito. Não devemos apagar o que passou, precisamos aprender com os erros do passado e edificar um futuro calcado na verdade, na realidade bruta dos fatos.
Em verdade o grande poeta cometeu um engano, e não viveu o suficiente para consertá-lo. Porém, isto não diminui em nada o seu mérito, nem macula o seu nome de maior poeta piauiense de todos os tempos. A exclusão não deixará lacunas no poema, ao contrário, dará mais solidez e coerência, exprimindo os verdadeiros sentimentos de sua gente, e eliminando aquele gosto de sangue na boca.
O Hino deve expressar a alma de seu povo; é o seu canto de glória; é para ser cantado com o peito aberto e o coração na boca, e os olhos clareando o passado, o presente e o futuro.
É por isso que sou favorável a esse ajuste, creio que o próprio poeta se vivo fosse já o teria feito. Agora compete ao povo piauiense corrigir esse equívoco.
Cantemos, então, com mais fervor e alegria!
HINO DO PIAUI
Salve terra que aos céus arrebatas
Nossas almas nos dons que possuis:
A esperança nos verdes das matas,
A saudade nas terras azuis.
Piauí, terra querida,
Filha do sol do equador,
Pertencem-te a nossa vida,
Nosso sonho, nosso amor!
As águas do Parnaíba,
Rio abaixo, rio arriba,
Espalhem pelo sertão
E levem pelas quebradas,
Pelas várzeas e chapadas,
Teu canto de exaltação!
Sob o céu de imortal claridade,
Nosso sangue vertemos por ti,
Vendo a pátria pedir liberdade,
O primeiro que luta é o Piauí.
Possas tu, no trabalho fecundo
E com fé, fazer sempre melhor,
Para que, no concerto do mundo,
O Brasil seja ainda maior.
Possas tu, conservando a pureza
Do teu povo leal, progredir,
Envolvendo na mesma grandeza
O Passado, o presente e o porvir.
DA COSTA E SILVA
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