Por: Douglas Nunes em 05/2014 - Visitas: 2632
Dizem que a "Crítica é a Arte de Amar". A frase diz muito, começa descartando a prática como uma atividade de indivíduos odiosos e também ignora a idéia de que os críticos são seres que deixam de experimentar os filmes para lê-los, tendo uma visão racional, vista somente em capítulos de livros.
Eu penso que uma crítica não deve nunca ser escrita como uma visão de cima pra baixo da obra, deve sim obedecer à intenção de proteger a verdade e o sentido internos de uma obra contra todo e qualquer historicismo. Isso importuna o criador, sem desmerecê-los, no entanto.
Acredito que a grande virtude de um crítico está em reconhecer a força da obra, a força do gênio que a cria. Assim, o trabalho do crítico é o de fazer com que a potência do artista resida no texto.
Se crítica é a arte de amar, de prolongar o impacto de uma obra, creio que ela deve ser escrita um pouco como uma carta de amor e, se possível, ir além: tornar-se um testamento, um manifesto político, uma declaração.
"Quem faz os filmes são os diretores de cinema", afinal, são eles que contam a história e, para isso, devem ter seus próprios meios para contá-la.
Essa paixão pelo Sétima Arte começa a trafegar no nosso meio na região de Picos. E trafega contra a maré dos idólatras, dos que criticam de forma abusada e até ignorante. Dos que consideram abusado demais a fé destes Diretores, Flávio Guedes, Roberto Soares e Thico Almeida. Mas a força dos remos vence a maré e veremos dentro de poucos anos nossa região conhecida como: "A Terra do Cinema".
A ingenuidade faz com que muitos se iludam pois não compreendem o que seja "Arte", e afirmam: "De que vale...? Pra quê...? Estes tem a pecularidade de que tudo se origina nas capitais... Se assim pensam, se surpreenderam com a produção de um longa metragem em São José do Piauí.
O filme "Marcas do Passado", o primeiro da série que foi produzido e dirigido por Roberto Soares e fez sua estreia em julho de 2009, obteve na época uma aceitação acima do esperado.
Mas em primeiro plano, houve, no meu entender, uma surpresa. Uma surpresa com sabor de: "Coisa Nossa", da nossa região.
Eu explico: A surpresa do lançamento de um filme produzido na região de Picos, onde há alguns anos isso era impensável, deixa-nos a todos com sentimento de orgulho; Afinal de contas, não é todos os dias que se acontece estréias de filmes, e ainda mais daqui da região.
O filme foi produzido e exibido em São José do Piauí, cidade do produtor e pastor da Igreja Assembleia de Deus, Roberto Soares que com poucos recursos, valendo-se apenas de um sonho e da vontade em produzir um longo, adiantou-se e durante meses de filmagens, lançou o filme "Marcas do Passado".
Para que haja a produção de filmes, há a necessidade de surgir entre nós, homens de visão e com ele os recursos necessários. Pessoas determinadas, decididas... Homens e mulheres que buscam o ideal na produção da Arte. Estes, mesmo sem os recursos necessários, foram em busca de seus sonhos. E o melhor, compartilham com milhares de pessoas que se divertem, se deliciam com o trabalho dos cineastas, atores e atrizes.
De fato, 'Marcas do Passado' foi o primeiro projeto da RS filmes; Projeto esse merecedor de todas as honras e fez renascer um sonho. Era um sonho do Pastor Roberto Soares que desejava além do filme, mostrar as belezas naturais existente em sua terra natal, São José do Piauí. Ele conseguiu isso, e como! De uma forma brilhante!
O contexto nas falas, os recados transmitidos, a paisagem e principalmente o vestuário, marca patente da personagem Dandinha, as indumentárias do sertão.
A seguir veio "Marcas do Passado - A Continuação". Produzido num espaço de seis meses e sob a direção, arte e supervisão de Roberto Soares, esse segundo filme teve e ainda tem desenvolvido uma consciência cultural nos jovens, e a sua capacidade de superação, conseguindo com isso, atingir objetivos, algo que foi proposto por Roberto Soares. Nessa segunda edição, a história simples, mas caracterizada o mesmo contexto nas falas, o vestuário e a paisagem, sempre muito bonita nas imagens.
O terceiro longa do cineasta Roberto Soares "Raizes do Sertão", aconteceu no ginásio poliesportivo de São José do Piauí na noite de 25 de janeiro de 2011.
Quem ainda não conferiu, tem a chance, o filme agrada crianças e adultos. Tive a oportunidade de conferir "Raizes do Sertão", além de todo o sucesso que está fazendo na região, foca na sétima arte de uma forma bem honesta. E nesse seu terceiro longa, Roberto Soares seguiu a mesma cartilha dos dois últimos, fazendo um filme sensível sobre fatos e dramas vividos por jovens adolescentes. Um filme carregado de humor sobretudo na ingenuidade que o Diretor quis transmitir nos personagens.
Na noite de estréia, São José do Piauí viveu uma noite de bom gosto e elegância, apesar do tempo frio e chuvoso, mas isso não foi impedimento para que o público comparecesse em massa para o Avant Primière.
"Raizes do Sertão teve uma imagem impecável. As cenas ótimas, a maioria do elenco igualmente muito bom, sendo que o destaque é para o ator Igor Ferreiras.
A presença do público demonstrava no interesse de todos em ver filme.
Quem sabe não surja em São José do Piauí, uma sala de espetáculos. Um cinema, já que os filmes aí estão sendo produzidos em média a cada seis ou 10 meses. Sem falar, é claro das produções nas cidades vizinhas.
Roberto Soares é este cineasta de idéias... Esperamos que sejam inovadoras. A constância na produção de imagens repetitivas, não agrada muito... Como ele, outros despertam grandes ideias e quem conseguir sair do repetitivo, com certeza será merecedor de seus sonhos. Mas Mesmo assim é bom ver filmes que nos deixam felizes, que nos fazem pensar no amor, que é algo tão simples e ao mesmo tempo tão complicado.
Na quinta-feira, dia 20 de janeiro, aconteceu o lançamento do filme "Vidas Opostas" do cineasta Thico Almeida. As cenas do filme foram gravadas em Picos, São José do Piauí, Santana do Piauí, Teresina e São Paulo. O filme foi produzindo em ano e três meses.
O filme marca pelas imagens bem caracterizadas. Os personagens interpretados, a atriz Rosângela Leal que fez o papel de Tonha, esposa do vaqueiro, se destacando muito bem no papel, além de João Joaquim, Ariela Almeida e Marcos Flávio e um número considerável de figurantes. Porém, o ator e produtor Thico Almeida salva o filme. Um ator muito bom na interpretação. Sendo que sua vinda a pé de Teresina a Picos só deixa um pouco triste pela condição da viagem: Algemado sem que ninguém desse conta. Ou que lhe fizesse indagações, como fêz o caçador. Mas a compra da fazenda deixa um pouco encabulado o espectador. Como adquirir uma fazenda com parcos recursos? Mas afinal, é filme e em tudo temos que acreditar. Veja Homem Aranha subindo pelas paredes...
As cenas da perseguição pelos carros da polícia foi ótima, digna de uma produtora profissional. É muito bom ver como existem pessoas que pensam como pensamos fazer... Como se conhecêssemos há anos e na verdade não são tão proximas assim.
As vezes paramos para pensar em alguém e achamos que conhecemos determinada pessoa e de repente, observando melhor, vimos uma pessoa inteiramente próxima. É aí que o filme melhora muito. A bela fotografia é sem dúvida o ponto mais forte dessa produção. As montanhas entre nuvens, as casas rústicas e bonitas, o mato seco do sertão. Isso dá o necessário para agradar todo o filme. São cenas da nossa região e por isso assino embaixo.
Sem dúvida que Thico Almeida tem tudo pra produzir ótimos filmes, se a ideia ele já tem, então...
Por fim, o primeiro filme lançado em Picos, foi "Senhora dos Remédios" O lançamento aconteceu no dia 22 de Janeiro, com mais de quinhentas pessoas presentes.
O filme foi produzido aos trancos e barrancos. Não houve amparo nenhum, nem dos órgãos públicos, nem de associações. Aconteceu o roubo do leptop onde continha o filme já produzido. Muitas cenas se perderam, outras foram reproduzidas, outras reaproveitadas, tornando as imagens muitos indispostas... Enfim, "Senhora dos Remédios" parecia não colaborar com a produção.
Os próprios atores e atrizes patrocinaram o filme que foi produzido por Flavio Guedes.
Filme de época, "Senhora dos Remédios", deveria causar muita polêmica por ressurgir com fortes cenas de escravidão, disputa de poder e orgias entre senhores e escravas, reconstituindo como ficção parte considerável da história da busca em Salvador (BA) e da chegada em Picos, da imagem da padroeira de Picos como pagamento de uma promessa do coronel Victor de Barros.
No entanto, devido a pressões de atores que não concordavam com as cenas fortes, estas foram retiradas. Aliás, um filme em que há a presença de três Diretores fica difícil entendimento. Um deseja de um jeito. Outro discorda, o outro não quer...
O roteiro do diretor e ator Flávio Guedes, 30 anos, um idealista, assim como Jesualdo Alves que pensa longe, mas que logo está de volta, procurando sempre o que fazer hoje, para amanhã retornar.
O destaque, a atriz Deysiane Nunes esteve brilhante nas poucas vezes que apareceu. Deveria ter aparecido mais. Elton Arthur, Rosangela Rocha e Nilda Nunes. Sávio Barão e Vilebaldo Rocha não são destaques, são presenças necessárias no filme. "Senhora dos Remédios" mostra as cenas épicas, de um tempo de revoluções, de embates, de derramamento de sangue neste chão de meu Deus, neste chão nordestino, de sacrifícios, de mortes, de estertores sob este Sol escaldante e sobretudo de lágrimas de esposas, de mães, de filhos que ficaram orfãos e de irmãos e irmãs que se entregaram numa guerra sem vitoriosos e sem derrotados.
O filme "Senhora dos Remédios" teve por inspiração uma peça teatral escrita pelos professores Ozildo Albano e Raimunda de Moura Fontes, a Mundica Fontes, escrito há mais de vinte anos.
Finalmente vem aquela pergunta que não quer se calar. "Produzimos filmes, mas cadê o cinema"?
Para a posteridade nem tanto, mas acredito que dentro de poucos anos, a nossa gente não terá o descaso dos Órgãos Compromissados com a Cultura, de ver a Comunidade assistir filmes em auditórios improvisados.
Que hoje não existe cinema, todo mundo sabe, a moçada vai ao cinema como se fosse algo de outro mundo.
Não temos cinema em Picos e na região e estamos produzindo filmes. Já viu isso?
Nossos filmes não ilustram as nossas bilheterias para a aquisição de cenas sendo rodadas e dirigidas pelos cineastas Flávio Guedes, Thico Almeida e Roberto Soares.
Não ilustram porque não existe cinema!
A iniciativa desses cineastas e as suas produções, cobrem uma multidão de erros. Se houve erros, são perdoáveis com certeza! Ninguém é perfeito. Aliás, imagine que o filme "Titanic" cometeu dezenas de erros grosseiros em suas filmagens e veja que se trata de uma produção hollywoodiana.
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